HOMENAGEM

Quando meu vizinho me chamou para compor uma chapa a fim de concorremos á eleição para uma nova administração do nosso condomínio Mãe Terra, relutei.
Com o poder de persuasão que lhe marcava acabou me convencendo com a promessa de estaria sempre a meu lado, fazendo de tudo para que eu tivesse pouco trabalho. Tentei ainda argumentar que não seria tanto pelo trabalho, mas pela responsabilidade que isso me acarretaria. Enfim fizemos uma parceria entre os quatro diretores.
O amor que ele demonstrava por esse pedaço de terra era contagiante, “isso aqui é minha vida”, não cansava de repetir.
Combinamos então que todas as decisões tomadas teriam que ter o aval de nós quatro, e assim foi por pouco mais de sete meses. No fim ele pisou na bola.
Resolveu, sem consultar ninguém que iria embora, e foi, manso, calado.
A sua ausência nos deixou estupefatos. Deixou para trás os inúmeros projetos para o Mãe Terra. Deixou o Mãe Terra apaziguado, com uma energia soprando os ventos da paz.
Um homenzarrão com um coração maior que os seus quase dois metros de altura, mas fraco.
A dor da perda desse amigo é tão grande quanto nossa responsabilidade em realizar os sonhos que ele sonhava para nosso condomínio. E para isso conto com a ajuda dos seus inúmeros amigos.
Ele dizia que o dia em que a água chegasse em nosso condomínio, “nem que fosse um mijinho pingando dia e noite ele estaria feliz”. Pois é Nilson, a água está chegando, e você, aonde quer que esteja pode ficar feliz, “ce entendeu?
Marluce.